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Um dia no Grand Canyon

noite em vegas
Saída do Las Vegas rumo a Boulder City.

3:30 da madrugada e o celular tocou no quarto acordando todo mundo. Quem em sã consciência contrata um passeio pra sair às 4:00 do hotel? Ainda mais em fevereiro, no fim do inverno americano, em pleno deserto de Nevada, com temperaturas beirando o negativo? E sem café da manhã? Nós mesmos. Era dia de visitar o Grand Canyon.

Era minha terceira vez em Las Vegas e ainda não tinha ido a essa que é uma das maiores atrações naturais da região. Nas outras visitas o cronograma era apertado demais e visitar o Grand Canyon exigia praticamente 2 dias pra fazer direitinho, ou um sacrifício bem grande no seu modo mais econômico. O que você precisa ter em mente quando vai a Las Vegas e quer visitar o Parque Nacional, é que não é assim tão perto da cidade. O acesso mais próximo é West Rim e fica a aproximadamente 200km numa viagem de aproximadamente 2,5 horas de carro. Mas o que pega aqui é que West Rim é uma das partes menos interessante dos Canyons. Pra chegar a South Rim, que vale bem a pena, você vai levar em torno de 4,5h de carro a partir de Las Vegas. Sentiu o drama? É praticamente um dia inteiro só dirigindo pra ir e voltar.

Indo de carro precisa saber que se fizer um bate e volta no mesmo dia e não quiser dirigir à noite, vai ter em torno de 4 horas dentro do parque. Isso porque no caminho entre Las Vegas e Grand Canyon tem atrações imperdíveis como Lake Mead e Hoover Dam, que valem as paradas. E é cansativo. Se você quiser fazer direitinho, visitando o Rio Colorado, descendo até o fundo dos cânions, fazer alguma trilha ou andar a cavalo, por exemplo, já viu que a conta não fecha né? O tempo de deslocamento come uma boa parte do seu cronograma. Pra fazer bonitinho, 2 dias são necessários.

Tínhamos poucos dias em Las Vegas (5 pra ser exato) e compromissos profissionais em 3 deles. Ficamos com 2 dias pra aproveitar um pouco a cidade, conhecer o parque, passear e ver algum show. Precisávamos da forma mais rápida e que nos permitisse viver tudo: fazer trilha, descer ao fundo dos cânions, ver o Rio Colorado e alguns mirantes. A partir de Las Vegas inúmeros tours saem em direção a West Rim e South Rim: de van, limusine, ônibus, helicóptero, avião e até combo desses transportes. Cada um com uma característica, preço e duração. Os de transporte terrestre saindo muito cedo, voltando bem tarde e ficando no parque por pouquíssimo tempo, mas muito econômicos. Helicóptero e avião com opções de somente sobrevoo e também com descida e passeios locais, mas com o custo mais alto.

Pra nós a alternativa foi ousar um pouco (inclusive no orçamento) e pegar um combo de avião, helicóptero e barco. Isso nos permitiria fazer tudo o que queríamos. Com o plus de sobrevoar o Grand Canyon no nascer do sol, completamente banhado pelas luzes da manhã. Além disso, ganharíamos tempo já que o voo entre Las Vegas e a base de South Rim dura meia hora aproximadamente. O esquema é bem interessante e inclui:
– transporte entre o hotel e o aeroporto de Boulder City (30 mins de Las Vegas) e retorno
– voo de ida e volta entre Boulder City e o centro de visitantes em Meadview (já no estado do Arizona)
– voo ida e volta de helicóptero a partir de Meadview até o fundo do cânion, com sobrevoo panorâmico
– passeio de barco pelo Rio Colorado
– acesso ônibus de transporte internos e mirantes de South Rim
– almoço box

Importante dizer que os passeios de helicóptero são relativamente comuns para o Grand Canyon e costumam ter um custo bem interessante, contudo, podem ser limitados em termos de atividades. Tem que observar bem ao escolher para não chegar lá e se sentir um pouco frustrado, achando que ia visitar alguma coisa que não estava inclusa. Pra isso, estamos aqui pra te ajudar!

Nosso tour começou às 4:00 quando uma van nos buscou no hotel na Strip e nos levou a Boulder City, cerca de meia hora de Las Vegas. Antes, passou em alguns hotéis e pegou outros passageiros, já que escolhemos um passeio compartilhado para economizar um pouco. Fomos em 3 pessoas e um passeio privado não fazia sentido, uma vez que esse combo de avião + helicóptero + barco só cabiam 8 pessoas. No fim das contas, a van pegou cerca de 10 pessoas mas para a nossa atividade mesmo, eram só 5. Os outros iam fazer tours diferentes (voo panorâmico, só helicóptero com descida e outros). Chegamos ao aeroporto as 4:50.

Importante dizer que esse aeroporto em Boulder é exclusivo para aviação privada, voos de helicóptero e voos turísticos. A estrutura é muito boa e conta com amplo salão, cafeteria, loja de souvernirs (bem caros, mas tem muitas coisas que você só vê lá), banheiros limpos e janelas enormes com vista para a pista. Nesse momento as pessoas são separadas por tipo de atividade e recebemos uma identificação para colar na jaqueta, que deve ser usada o tempo todo. Ela serve para que os funcionários de todos os lugares onde você passar reconheçam quem é a empresa que está operando seu tour, o que está incluído nele e para te auxiliar caso você se confunda ou se perca entre os pontos de parada.

Por volta de 5h30 fomos autorizados a ir para a pista e embarcar no avião que iria nos levar até Meadview, num voo incrível com o nascer do sol sobre Hoover Dam, Lago Mead e uma parte do Grand Canyon. Confesso que deu um pouco de medo quando vimos a aeronave, que comporta 8 passageiros mais piloto e copiloto. O piloto inclusive era uma figura, colocou uma pequena estatueta do Grooth (de Guardiões da Galáxia) sob o painel, estava de chinelo num frio de 2 graus e um bom humor incrível.

Na foto ao lado a gente bem feliz durante o voo. A cabine não é pressurizada e ele voa a altitudes mais baixas (é um motor de hélice). Aqui você vê a identificação que eles nos dão – esse botom amarelo, e os dois russos que dividiram o passeio conosco. Os outros três passageiros do fundo eram pilotos de helicóptero indo para a base em Meadview. Fazia bastante frio. Notem também que recebemos fones pois todo o voo tem música e há narração sobre os pontos sobrevoados, com opção de áudio em português. A dica para ter as melhores vistas é se sentar do lado esquerdo do avião.

Pousamos em Meadview e fomos direcionados ao Centro de Visitantes para tomar um café, usar banheiros, ver as lojinhas (americanos colocam lojinhas em TODOS os lugares) e esperar a autorização para o voo de helicóptero, que partiria de lá mesmo. Aqui observamos algo interessante: o Grand Canyon, assim como uma boa parte da extensão que liga Las Vegas ao Parque Nacional está sob território indígena, e são eles quem controlam todos os acessos ao cânions. Com guardas armados. Se não pagar as licenças e acessos, não entra. Conosco estava tudo certo, então não tinha erro. Depois de uns 20 minutos fomos direcionados para o embarque no helicóptero. Desceríamos mais de 2 mil pés até o fundo do cânion.

Pra quem nunca andou de helicóptero, que era o caso da maioria, dá um pouco de medo quando você olha aquele negócio pequenininho, com jeitinho de frágil – nossa impressão. Lá dentro embarcamos 4 pessoas mais o piloto (um dos russos arregou, e depois descobrimos que era ressaca! rs) e fomos bem apertadinhos voar até o fundo dos cânions. O voo é super rápido e levamos 7 minutos entre decolar , sobrevoar e pousar à beira do rio Colorado, no fundo do cânion. Nesse meio tempo dá frio na barriga, dá medo, a gente fica encantado com a paisagem, já passa a sentir seguro, mas aí já acaba e pousa. Ainda bem que tinha a volta. O vídeo ao acima é perto de pousar.

Lá em baixo tem banheiro e água, mas é tudo no chão de terra. A estrutura é bem rústica, afinal esse é um patrimônio natural americano e merece ser preservado. Você já sai do helicóptero, recebe coletes salva vidas e vai pro barco pra passear um pouco pelo meio dos cânions. É um barco mais largo, com dois motores de popa bem potentes. Aqui é que a gente vê o quanto é E N O R M E. O rio, que de cima parece um filete d´água na verdade é bem largo e a água tem uma correnteza relativamente forte, então o barco vai rápido, o que faz ventar um pouco. Some isso ao frio que já estava fazendo e você tem como resultado essa foto embaixo. A gente tava feliz? Tava. Mas tava com frio? Muito. Queria que acabasse? Não. Então aproveitamos tudo.

Sinto que foi durante esse passeio de barco que confirmamos o quanto essa paisagem é avassaladora e impressionante. O quanto o Grand Canion nos dá perspectiva do poder de Deus através da natureza. A gente é um nada perto dele. Foi com essa emoção e um agradecimento enorme que partimos pro nosso voo de volta à base de Meadview. Aí você pensa que acabou? Ainda não.

Na base recebemos nosso “almoço”. Juro que me senti como um adolescente americano de filme, que leva de lanche um sanduíche, um saco de batata frita e um de cookies. Pq era esse o almoço. rs. Enfim, não tava ruim, mas pra nós isso é lanche! Vem numa sacolinha bem arrumadinha e com uma garrafa de água. Entramos num dos ônibus que fazem os transfers entre os mirantes pra poder explorar por conta própria, fazer algumas pequenas trilhas e conhecer outras partes desse pedaço do Grand Cânion. Esses ônibus passam de 20 em 20 minutos e param em vários pontos e mirantes, dentro do parque. Ele está incluído nas atividades.

Depois de dois mirantes e uma pequena trilha de aproximadamente meia hora, encontramos nosso spot pro almoço, bem de frente aos cânions, numa tradicional mesa de piquenique. Ali gastamos o resto do nosso tempo até tomar o ônibus de transfer para a base em Meadview e de lá voar novamente até Las Vegas. Pousamos por volta de 14h e ainda pudemos aproveitar a tarde e noite na cidade.

Lembra que falamos sobre escolher o passeio adequado? Aqui você precisa pensar na relação tempo x investimento que mais vale a pena. Com pouco tempo nas excursões de carro, você não consegue descer e aproveitar os mirantes, ver a ponte de vidro, ou almoçar com calma apreciando a vista. Antes de escolher seu passeio, pese todos os pontos e avalie se essa atividade vai suprir suas expectativas.

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